Samsung Galaxy Ring: Anel inteligente.

Wearable impressiona pela tecnologia embarcada e também pelo preço alto de R$ 3.500

O Galaxy Ring se destaca como um dos lançamentos mais inovadores da Samsung em 2023. Apresentado globalmente em julho durante o Galaxy Unpacked, o anel inteligente desembarcou no mercado brasileiro em setembro. Projetado para ser um verdadeiro “assistente de bem-estar”, ele atua como um monitor de atividades físicas e saúde, com ênfase especial nos recursos avançados de monitoramento do sono. Embora a proposta seja atrativa, o preço de R$ 3.500 — superior ao de muitos smartwatches e até de celulares intermediários premium — levanta a questão: será que vale a pena investir no Galaxy Ring?

Para responder a essa pergunta, eu testei o anel inteligente da Samsung por três semanas. Neste review, você confere em detalhes minha experiência com o wearable. A seguir, descubra se o anel é, de fato, resistente; conheça seus principais recursos e limitações; e saiba como é a performance do dispositivo no monitoramento de sono.

Design confortável e resistente

O Galaxy Ring é extremamente leve, o que o torna bastante confortável de usar. Durante os testes, pus o anel inteligente no dedo indicador e logo me acostumei ao wearable. Ele não incomoda nem durante o sono, nem em grande parte dos momentos do dia a dia, mas pode ser inconveniente durante algumas atividades, como treinos de musculação. Ao segurar halteres e anilhas com o Galaxy Ring, senti que o anel atrapalhou consideravelmente a firmeza da pegada. Além disso, o atrito do wearable com o metal me deixou preocupada com a possibilidade de arranhões.
Arrisquei fazer alguns exercícios com o anel, mas acabei recorrendo à luvinha para ter maior conforto. Apesar dos meus receios iniciais, o Galaxy Ring não arranhou. A presença do material Titânio Grau 5, ao que tudo indica, confere bastante resistência ao wearable, que também saiu ileso de riscos após atividades como lavar louça — embora o som do anel batendo em metais e vidros possa incomodar os mais sensíveis. Aliás, o Galaxy Ring tem classificação de resistência a água de 100 metros eclassificação IP68, que permite a submersão em até 1,5 metro de água doce por até 30 minutos.

Com design côncavo e mais discreto em comparação aos concorrentes, o Galaxy Ring está disponível em três cores: dourado, prata e preto, opção recebida para testes. Tive a oportunidade de escolher o tamanho do anel inteligente, cujas medidas vão de 5 a 13, durante o evento de lançamento do produto. Para os consumidores, a Samsung oferece um kit de ajuste por R$ 99, valor que é abatido do preço total do Galaxy Ring ao finalizar a compra.

Recursos e limitações do Galaxy Ring

O Galaxy Ring é como um smartwatch em miniatura. Apesar de pequena, sua estrutura tem muita tecnologia embarcada e comporta três sensores: um biossensor óptico, projetado para monitorar frequência cardíaca; um acelerômetro, capaz de rastrear as atividades e movimentos do corpo; e um sensor de temperatura da pele, que acompanha as mudanças de temperatura durante o sono. Assim, o Galaxy Ring é capaz de:

  • 😴 Monitorar o sono;

  • 💓 Monitorar a frequência cardíaca;

  • 🏃 Acompanhar passos e atividades físicas;

  • 🩸 Apoiar no monitoramento do ciclo menstrual (graças ao sensor de temperatura da pele);

Para isso, o anel inteligente precisa estar conectado, via Bluetooth, a um smartphone com Android 11 ou superior. A sincronização dos dados é feita por meio do aplicativo Samsung Health, cuja interface é bastante intuitiva. No app, é possível ter acesso a uma série de métricas sobre sua atividade diária, incluindo quantidade de passos, tempo ativo e calorias gastas. O uso é 100% gratuito, diferente do Oura Ring, que cobra uma assinatura mensal para a utilização de seu aplicativo.

O Samsung Health também fornece um relatório completo sobre o seu sono e traz a “Pontuação de Energia“, indicador que considera qualidade do sono, nível de atividade e frequência cardíaca para informá-lo sobre a sua disposição ao longo do dia. A nota vem acompanhada de recomendações para melhorar o seu bem-estar.

Entretanto, como a Pontuação de Energia é calculada pelos algoritmos do Galaxy AI, é preciso ter um celular compatível com a Inteligência Artificial da Samsung para usufruir do recurso — um dos mais
interessantes, a meu ver. Com isso, a fabricante sul-coreana segue os passos da Apple, fechada em seu próprio ecossistema, e “empurra” o consumidor para adquirir não apenas celulares Galaxy, como também os modelos mais recentes.

A Pontuação de Energia não é o único recurso do Galaxy Ring restrito a celulares da marca. O gesto de toque duplo com os dedos indicador e polegar, que permite silenciar alarmes ou tirar uma foto,
também só funciona com smartphones Galaxy. Embora seja bacana, a funcionalidade está longe de justificar o preço do wearable ou de ser indispensável — ainda mais quando há alternativas, como o uso do cronômetro ou o gesto de levantar a palma da mão, para a captura de fotos a distância.

De maneira geral, por ser um dispositivo miniaturizado, sem botões ou telas, o Galaxy Ring depende bastante da interação com o celular.

Um exemplo disso é que ele detecta automaticamente — e com precisão, aliás — apenas corrida e caminhada; para outras modalidades de exercícios, é preciso iniciar e encerrar a atividade manualmente por meio do aplicativo Samsung Health. Isso foi um tanto chato para mim durante os treinos de musculação, e pode ser ainda mais inconveniente para quem pratica esportes como natação, nos quais o manuseio do celularé ainda menos prático.

Monitoramento de sono

O Galaxy Ring foi projetado para eliminar o desconforto que muitas pessoas sentem ao usar smartwatches para dormir, colocando-se como uma alternativa mais confortável para o acompanhamento do sono. O wearable monitora quatro fases do sono (acordado, sono REM, sono leve e sono profundo), bem como temperatura da pele, frequência cardíaca, frequência respiratória, oxigênio no sangue e roncos durante o sono.

Após sete dias de monitoramento, o Galaxy Ring atribui a você um animal que representa o seu padrão de sono e permite iniciar um treinamento com dicas para dormir de forma mais saudável. Antes mesmo desta primeira semana, porém, é possível acompanhar a sua pontuação de sono, afetada por cinco fatores, segundo o aplicativo Samsung Health:

  • Tempo de sono;
  • Recuperação física;
  • Descanso;
  • Recuperação mental;
  • Ciclos do sono.

Apesar de a descrição de cada um desses fatores ser bem explicativa e fácil de entender, assim como todas as recomendações fornecidas pelo Samsung Health, o app não dá mais detalhes sobre como é feito o cálculo da pontuação. Durante os testes, percebi que a minha nota baixou principalmente quando dormi demais ou de menos.

Além disso, houve uma vez em que o Galaxy Ring interpretou um período de duas horas que passei deitada no sofá vendo uma série como um período de sono. O curioso é que, apesar de o gráfico de fases do sono ter apontado que passei a maior parte do tempo acordada, o aplicativo baixou a minha pontuação de sono e de energia.

Afinal, o Galaxy Ring vale a pena?

O Galaxy Ring é um dispositivo bastante inovador. É impressionante ver quanta tecnologia cabe em um aparelho tão pequeno! Além disso, ele é confortável, resistente e tem bateria muito duradoura. Entretanto, as limitações do anel, somadas ao seu preço elevado de R$ 3.500, fazem dele uma escolha não muito inteligente para boa parte dos usuários.

Quem está em busca de um fitness tracker, por exemplo, deve fazer melhor proveito de um smartwatch. Além de permitir acompanhar o monitoramento de exercícios direto pela tela, o relógio inteligente também é mais confortável durante atividades como treinos de musculação ou pilates. Na verdade, o Galaxy Ring é projetado para as pessoas que têm muita dificuldade de dormir com o smartwatch e gostariam de acompanhar as métricas de sono.

O problema é que o monitoramento do anel inteligente da Samsung não é muito preciso. Sendo assim, não me parece fazer sentido investir tanto dinheiro em um produto que, além de ser limitado pela miniaturização, falha na acurácia. O Galaxy Watch 7, segundo os testes do canal The Quantified Scientist (ver gráfico acima), é mais preciso e custa bem menos — a partir de R$ 1.980 na Amazon.
Vale considerar, entretanto, que esta é a primeira versão do Galaxy Ring, e as próximas devem vir com melhorias e aperfeiçoamentos — assim como acontece com outros eletrônicos. Eu entendo o Galaxy Ring como um produto que complementa a experiência de uso do smartwatch. Não por acaso, a Samsung sugere usar ambos os dispositivos. Acontece que, para um complemento, ele é muito caro. Talvez o anel inteligente se popularize quando seu preço estiver na faixa dos R$2.000, mas, por ora, ele é um produto para entusiastas de tecnologia com o orçamento bem folgado.

Prós e contras do Galaxy Ring
Prós Contras
Design confortável e resistente Dependência do ecossistema Samsung Galaxy
Bateria duradoura Inconsistências no monitoramento do sono
Monitoramento de saúde sem assinatura Preço elevado